quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Minhas Ondas...











O meu mar
às vezes se esconde               
em ondas de pensamentos.

Quero flutuar na sua leveza,
desnudando a certeza
da liberdade,
             que dele
            habita em mim...

Os meus olhos no mar
(a claridade neles se define):
           - verdes  ficam
melodiosamente entre as ondas,
           murmurando sonhos refeitos...

Há no desejo da entrega,
           toda matéria e luz
na composição da espera...

             O mar
(codificador luminoso da minha alma)
 arremata-me ao passeio das horas, 
            na alegria das ondas
 que tocam na minha esfera
           transcendental
          a felicidade do dia...

          



Suzete Brainer (Direitos autorais registrados)

Imagem: Obra de Alex Alemany 



sexta-feira, 20 de novembro de 2015

A Direção das Rosas Vermelhas








Ela abria portas...

Cada vez mais sentia necessidade de um espaço livre: a liberdade sempre foi o seu sopro de direção. Nunca quis correntes amarradas no seu barco de sonhos. Nela não havia nenhuma disposição de seguir padrões impostos.

Sempre gostou do voo livre e verdadeiro, mas sem nenhum risco de suicídio, evitava a queda livre e preservava o equilíbrio das emoções.

Numa manhã de sábado, ao se dirigir ao seu jardim, não encontrara mais os jasmins predominando o espaço com a suavidade etérea. As rosas vermelhas, todas enigmaticamente abertas, de uma beleza avassaladora e magnética, guiaram-na a uma nova porta.

Ela não quis abrir...

A porta estava aberta. Ela sentiu os reflexos do sol que vinham do novo espaço. A luz solar abraçou seus cabelos loiros com um calor que a atraia e a assustava.

Imediatamente colocou as suas asas para o voo conhecido, no maravilhoso percurso existente. Por um instante sentiu aquele calor...

Ela não abriu a porta.

A porta continuava aberta?!...



Suzete Brainer (Direitos autorais registrados)


sábado, 14 de novembro de 2015

Escalada










Um ponto intacto vibra numa incerteza!

Às vezes
escalo uma montanha acesa em mim;
noutras,
uma abrupta descida de musgo, solidão e espera, 
(áspero o corredor da saída).
Mas,
a vida me embala nos dias claros,
me adormece nos dias cinzentos...

Enigmaticamente,
se fez silêncio
             numa
             primavera de vento frio,
restando tu e eu
             flores crestadas do inverno...

Pequenos minutos
           mastigados
          de nada primaveril.

Nesta escalada
         nos desencontramos:
eu fiquei com
       teus olhos;
tu, com
      a minha boca...

      






Suzete Brainer (Direitos autorais registrados)


Imagem: Obra de Andrew Astroshenko.





quarta-feira, 11 de novembro de 2015

Nos Teus Braços











                     Hoje, 

                    senti aquela dor...

              (uma saudade intransponível)

              Uma busca em teu nome;

                     colhendo um carinho em pensamento.


              Deixa-me ficar 
                      
                     nos teus braços, Mãe!
              
              me ausenta do mundo... 




      Suzete Brainer (Direitos autorais registrados)

      Imagem: Obra de Ivan Slavinsky.





segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Passeio na Pele









Dos teus olhos
que  eu não vejo,
mesmo assim,
             a cor
da minha silhueta
            passeia
           pela tua retina.

Um vermelho
           libertário
de um imaginário
          sem dono

deixa a espuma
do meu desejo
         de mar
afogar o teu
         sono

 e um leve
      desassossego
a colar na
     tua pele
    em meu nome...



Suzete Brainer (Direitos autorais registrados)

Imagem: Obra de Andrew Astroshenko. 





sexta-feira, 6 de novembro de 2015

Trilha dos Pássaros












Deixa-me ficar na brincadeira...
Um sorriso que te desarrume,
na espera do meu por- do- sol.

Uma loucura doce
                     trazida
                    levemente
com gestos de pássaros
a nos adormecer do mundo.

As minhas mãos 
                    nas tuas
sem sombra
sem adeus.

Meus olhos,
cúmplices da tua ousadia,
me traíram,
                  ao deixar
contigo a minha
                 insensatez.

Assim,
na trilha dos pássaros
nos despimos de nós...



Suzete Brainer (direitos autorais registrados)

Imagem: Obra de Alexey Slusar






domingo, 1 de novembro de 2015

O Nada Apreciado












Às vezes sinto

         esta faca me cortando por dentro.

Um nó

       enovelado

      deslizante

ao encontro da incompreensão

ao rés de mim...


Os cortes

      levam-me a dissipar

     a ilusão que carrego.

Solidão liquida

bem ao alcance da minha alma,

bem perto do nada do mundo.


Neste fio eletrificado

          dos dias acesos,

emana o sopro

         do meu rio que segue



A nudez da alma

       (re)colhida

do mergulho

         no nada

que revela a

         desimportância

de ser importante.


        



Suzete Brainer (Direitos autorais registrados)

Imagem: Obra de Lídia Wylangowska.