terça-feira, 23 de janeiro de 2018

Grande Poema - Augusto Dos Anjos -





       Vandalismo


   Meu coração tem catedrais imensas,
    Templos de priscas e longínquas datas,
    Onde um nume de amor, em serenatas,
    Canta a aleluia virginal das crenças.

    Na ogiva fúlgida e nas colunatas
    Vertem lustrais irradiações intensas
    Cintilações de lâmpadas suspensas
    E as ametistas e os florões e as pratas.

    Como os velhos Templários medievais
    Entrei um dia nessas catedrais
    E nesses templos claros e risonhos...

    E erguendo os gládios e brandindo as hastas,
    No desespero dos iconoclastas
    Quebrei a imagem dos meus próprios sonhos!


Autor: Augusto Dos Anjos.

Livro: Eu E Outras Poesias. 








sábado, 13 de janeiro de 2018

Negritude Solar...










Todos os silêncios recolhidos dentro da palavra, a semear do meu olhar o esquecimento das horas.

Há a sensação vagarosa da vida que não desiste dela mesma.

Há a lembrança da minha gata, a ficar na sombra dos meus olhos, como recado do amor eterno...

Um sorriso sempre me escapava das suas travessuras de gata insolente, que carregava o tempo na preciosidade imprescindível do carinho.

Existia nos seus olhos amarelos todo o movimento do dia, no percurso da dança, na alegria urgente da vida!

Ela com a sua negritude, trazia-me sempre o sol da esperança: o recomeço do meu sorriso...

Suzete Brainer (Direitos autorais registrados)

Imagem: Obra de Chistian Schloe.

  
  

quinta-feira, 11 de janeiro de 2018

Às Vezes Tem Dias Assim





               



                Às vezes tem dias assim,


            que nos consomem sem existência...

            Uma sensação profunda de estranheza,

            um esforço em busca de beleza

            que está ao nosso alcance:

            o cheiro da chuva,

            a dança das folhas ao vento,

            o som do mar sobre as pedras em explosão.

            E retorno para o início:

            onde a estranheza, na sua pequenez

                  tornou-se liquida

                                lacrimosa

                                          num sentir

                                               rendido

          pela contemplação da vida

                  na sua beleza maior.



        Às vezes tem dias assim,

        pintados de tristeza...

       Mas, abrindo a janela para a natureza;

       todas as cores iluminam

            um novo sentir,

       refeito de vida que pulsa

                       a música

                                do ritmo

                                     de cada dia...



     Às vezes tem dias assim,

     cansados na rotina;

        pessoas,

        tarefas,

       notícias.

    Mas nunca canso

    de abrir a minha janela à natureza,

   com as minhas asas abertas

                            voar neste sentir,

                                           que me ressuscita.



Suzete Brainer (Direitos autorais registrados)

Imagem do Google

(reedição)

segunda-feira, 1 de janeiro de 2018

O Rio das Palavras...





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Ah, as palavras! Correm como rio, sem espera... No congestionamento dos sentidos, sempre tem um engasgado com seu uso impróprio. Elas, livrem de intencionalidades malévolas, correm em busca de algum retoque perfeccionista, da sensibilidade da arte de entendê-las, em sua origem genuinamente tocante.

Talvez se falassem, diriam sobre a sua missão de evocar emoção, que no caminho dos gestos, sempre ocorrem facilmente. Mas, em sendo palavras, algo fica distanciado do ato, e mesmo assim, desejam também o mesmo fascínio de emocionar.

Tantas vertentes em seus cursos, as palavras absorvem tonalidades em todas as moradas de sua significação. Seus signos, com simbologias tão ricas, as deixam nuas e desertas, na hora  solitária da inscrição sem ser. Ela só quer Ser, um poema, um texto ou uma carta de antigamente repleta de romantismo em seu próprio e único veiculo de linguagem.  As palavras levavam a fantasia descrita de um rosto sem corpo, sem fala e com todo o magnetismo da sua viagem de letras.

As palavras querem a liberdade de correr no seu rio de mistérios!...



Suzete Brainer  (Direitos autorais registrados)

Imagem: Obra de Elzbieta Brozek.

(reedição)