quarta-feira, 28 de março de 2018

A Ciranda na Escola









Era o seu primeiro dia de aula. Uma menina loira, tímida e observadora, ao escutar a voz da professora: “Entre, querida”, percebeu que a sua voz transmitia carinho. Entrou sem hesitação.

Toda a sua resistência para sair de casa tinha diminuído, por não querer deixar as bonecas ausentes da mãe: – ela se sentia mãe das bonecas.   Afinal, aquele local tinha seu encanto; uma professora gentil e algumas crianças assustadas, outras com lágrimas perduradas nos olhos e outras querendo brincar. Uma pegou na sua mão e lhe deu uma boneca sem cabeça. Pensou em recusar. Mas desistiu, e levou a boneca sem cabeça presa ao braço, como fazem as aves com seus filhotes debaixo das asas.

Ao observar uma menina bem triste no canto da sala, resolveu ficar com ela, amparada na sua tristeza de ser invisível para todos. Logo a professora chamou-a para perto e foi quando teve a ideia de levar a menina junto. Fez como a outra menina com ela, também pegou na sua mão e carregou para junto da professora. A diferença, é que não lhe presenteou com uma boneca sem cabeça.

No final, todas as meninas de mãos dadas, numa grande roda, com a professora cantando. Uma alegria contagiante. Como era gentil e alegre a professora! Mas não nasceu para o canto, e a musicalidade inexistente nela, com sua voz estridente e fora do compasso; distribuía carinhos nomeados (a cada criança), selando, assim, a harmonia do encontro.

Agora, deixava que a sua mãe lhe fizesse as tranças no cabelo, sem reclamar. Gostava de ir para escola, ficar naquela ciranda de afetos e brincadeiras. Procurava imaginar a voz estridente da professora, como um pássaro que cantava diferente. E diferente também era o seu amor para com todas as meninas: na sua sala não existia meninas tristes, todas tinham um sorriso que fazia barulhos no lugar das lágrimas perduradas.

Esta professora ficou desenhada no seu livro de colorir o universo, quando ele fica cinza. Ela era um pássaro que cantava diferente. A sua melodia mais importante era o amor que passava para cada menina, como o anel na brincadeira infantil, só que o anel era o Dia no compromisso da alegria de Ser Criança!...


Dedicado a Socorro Honório, minha primeira lição de amor fora de casa.


Suzete Brainer (Direitos autorais registrados)

Imagem: Obra de Vladimir Vologov.

(Reedição).


terça-feira, 20 de março de 2018

Diz Liberdade à Poesia!




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Liberdade:
Escorre no sangue dos poetas,
corre nos olhos dos amantes da poesia
e a palavra desnuda
apaga a opressão.

Poesia:
A beleza genuína espelhada
na liberdade da luz
do corpo do poema.

E o poema na
altivez contra a censura,
nunca se cala,
ressuscita na contramão.





Suzete Brainer (Direitos autorais registrados)

Imagem: Obra de Alexandrina Karadjova.


sexta-feira, 16 de março de 2018

A Chuva




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Pingos de letras na formação do universo do som... Cada suspiro, uma vírgula de emoção travada na linha das mãos. As palavras são universos próprios de signos a ser decifrado.

Como a chuva, cristais que evaporam no sopro do sol ao vento, as palavras emudecem no silêncio, a esvaziar as horas sem espelho.

O silêncio, a roupa que guarda na pele da alma, o significado essencial das horas...


Esta chuva de equívocos a engolir a palavra a seco, na distorção dos olhos que não sentem. Os olhos que sentem não se enganam com os atalhos do cérebro maquiavelista. Quem é, tem a nudez da alma nos olhos, a registrar a essencialidade da vida!


Suzete Brainer (Direitos autorais registrados)

Imagem: Obra de Christian Schloe. 






                                       




terça-feira, 6 de março de 2018

Mulheres Voadoras




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Mulheres,
    somos corpo com asas,
no voo  esperançoso dos séculos,
que nos aprisionaram na covardia
da lenda do sexo frágil.

Somos uma força
     elástica
de inteligência e coração,
a guardar as dores
   do mundo

Somos sempre
    mãos:
Mãos que guiam
Mãos que educam
Mãos que abraçam
Mãos dentro do  
    olhar,
que protege,
com a oração nos
    gestos,
sempre das mãos...

Somos
   Mulheres voadoras,
entre a realidade e o
  sonho,
semeamos na gestação
  da superação!


Suzete Brainer  (Direitos autorais registrados) 

Imagem: Obra de Christian Schloe.




                                



                       "Por isso, não provoque,
                 é cor de rosa choque!!"  (Rita Lee)

                Mulheres somos todos os dias na luta
                diária dos nossos direitos merecidos!!